Aprendendo inglês no Brasil
Eu estudava inglês na empresa onde trabalhava. Essa contratava professores para dar aulas de inglês “in company” para cargos estratégicos.. As minhas aulas eram particulares, uma frequência de uma vez por semana. Nossa empresa, multinacional, também atendia clientes multinacionais, e eu era de uma área importante dentro do plano de melhoria contínua desta empresa. Por isso, muitas vezes recebíamos algumas visitas de estrangeiros. Para apresentar os projetos que estavam sendo conduzidos para melhorar o atendimento ao cliente, eu mesmo fazia a apresentação e levava os visitantes a conhecer a fábrica.
Tudo muito lindo e maravilhoso! Eu falava razoavelmente bem, minhas “teatchers” me elogiavam perante os diretores, eu cumpria todas as lições com êxito e tinha notas máximas. Enquanto apresentador e guia, era muito fácil, pois, ali era um ambiente controlado. Os visitantes já falavam com um certo cuidado, mais claro e pausadamente, e também um tanto formal. Na maioria do tempo eles apenas me escutavam.
Até que surge uma oportunidade de conhecer uma unidade da mesma empresa nos EUA, que estava realizando o mesmo tipo de projeto que nós. Fomos eu e um colega de trabalho de outra área. Eu era responsável por implantação do “Lean Manufacturing” e este meu colega supervisor de P&D.
Entramos no avião da United Airlines, meu amigo sentou mais à frente, eu mais no meio, na janela direita. Ao meu lado, estava um homem paulistano de origem japonesa. Este já tinha bastante bagagem. Até conhecia a tripulação inteira!
Choque de Realidade
O primeiro choque de realidade foi quando o meu parceiro de voo chamou o comissário de bordo, um homem negro, de cavanhaque, com idade em torno de 40 anos, os dois trocaram umas palavras e eu não entendi nada! O americano falava tão rápido, parecia que todas as palavras eram ditas como uma só. Eu não conseguia diferenciar. Meu Deus, tô lascado! Eu ficava pensando, “mas eu sou bom em inglês, minha professora me disse!” E assim foi toda a viagem. Eu e o japa ficamos amigos e ele cuidava da relação passageiro tripulação.
Lidando com os americanos
Quando chegamos aos EUA, o pessoal começava a falar, eu já falava a frase “Can you speack slouly?”, e em seguida, “My english is not so good”. eles mandavam, “your english is better then my portuguese!” Os americanos foram muito educados e simpáticos comigo. Então eu percebi que o problema era entender, ouvir, mas, eu falava bem e conseguia me fazer entender. Meu colega da empresa entendia bem, mas, não falava bem, tinha uma pronuncia muito ruim. Então fazíamos uma dupla que funcionava. Só que nós estávamos juntos apenas nos primeiros dois dias, pois ele foi para outra unidade em outra cidade. E depois, nos encontramos para voltar ao Brasil no último dia.
Enquanto eu estava visitando a empresa, ou em algum grupo, a comunicação fluía bem. O problema era quando íamos pedir algo aos garçons! Porque na hora do almoço é aquela correria, todos querem almoçar logo pra aproveitar o intervalo. Fomos num tipo de Subway só que de comida. Eu passei a semana comendo “Grilled Chicken” pois era o que eu entendia, pois, qualquer outro pedido eu ficava na dúvida se ele havia entendido! Então, fui no mais fácil.
Todas as noites, um funcionário da empresa me pegava no hotel e me levava para jantar em algum restaurante. Eles aproveitavam e levavam a família, quem não gosta de um jantar bancado pela empresa, não é mesmo? Eu ficava pensando, como seria eu no centro das atenções, com meu entendimento fraco da língua? Eu fazia o seguinte, uma tática que eu usava quando eu estava em um grupo, puxava um assunto do momento, como por exemplo, “Michael Jordan, o que vocês acham dele?” depois só concordava, dava risadas, sem entender nada fazendo de conta que estava por dentro. Assim, eu mantinha o grupo ocupado e eu não falava muito. Assim foi que eu mantive um ânimo com as pessoas que eu conhecia, entendia parcialmente o que eles falavam, mas o pessoal colaborou bastante.
Conclusão
Aprender um idioma estrangeiro vai muito além das aulas tradicionais. Apesar de ter se destacado nas lições de inglês oferecidas pela empresa, o enfrentamos desafios significativos ao se deparar com situações reais de comunicação, especialmente quando a velocidade e a informalidade da fala se tornaram grandes obstáculos.
Essa vivência enfatiza a importância da imersão cultural e da convivência com falantes nativos para realmente dominar uma língua. A prática constante em situações cotidianas, como interagir com colegas estrangeiros, fazer pedidos em restaurantes e participar de conversas informais, revelou-se essencial para superar as dificuldades de compreensão auditiva e aumentar a fluência.
Além disso, a destacamos a relevância de estratégias de adaptação, como pedir aos interlocutores que falem mais devagar ou utilizar tópicos comuns para manter conversas. Essas táticas ajudam a se comunicar efetivamente, mesmo com limitações, e a ganhar confiança em seu uso do inglês.
Portanto, a conclusão principal é que cursos tradicionais fornecem uma base necessária, mas a verdadeira competência no idioma só é alcançada através da prática intensa e da imersão no ambiente onde a língua é falada. Viajar, morar no exterior ou participar de intercâmbios são maneiras eficazes de complementar o aprendizado e atingir um nível mais avançado de proficiência linguística.